O “Plantio direto como vetor da agricultura sustentável” foi o centro dos debates durante o Fórum do Canal Rural, nesta quarta-feira (29), durante a edição dos 15 anos da Bahia Farm Show. Sob a apresentação de Luiz Patroni, a rodada de discussões teve a participação de Celestino Zanella, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba); Jonadan Hsuan Min Ma, presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP); Júlio Cézar Busato, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa); Luiz Pradella, vice-presidente da FEBRAPDP; e o produtor rural Valmor dos Santos.
O plantio direto, método que mantém os restos vegetais de outras culturas na superfície do solo, tem como principal objetivo garantir a cobertura e a proteção do solo contra desgastes, como a erosão. Defensor e praticante da técnica, Pradella destacou que, “em um levantamento, que não é palmo a palmo, mas a informação é bem aproximada, há a indicação de que 20% da área já é cultivada no sistema de rotação de culturas. As melhores áreas são aquelas que sofreram a intervenção uma única vez e voltaram para a prática do plantio direto. Essas foram as que se recuperaram mais rapidamente o que perderam de matéria orgânica. Em 10 anos conseguiram agregar 1% de matéria orgânica, o que fez com que a Embrapa se surpreendesse”, disse.
Estimulados por perguntas de internautas, os participantes debateram sobre a contaminação das áreas por nematoides – vermes microscópicos que atuam como parasitas no solo, plantas, animais, insetos, água doce e salgada – . Jonadan Ma disse que, apesar de não haver uma forma de extinguir os nematoides, a ciência já tem meios para combatê-los. “Os nematoides são inimigos ocultos, que comem quietos e devastam a nossa agricultura. Existem vários mecanismos para melhorarmos as plantas para que elas resistam a esse problema, precisamos desenvolver mais variedades que não sejam afetadas por esses micro-organismos. Não é o caso de apenas aplicar um larvicida químico, temos também que fazer com que a biologia do solo se estabeleça para ajudar a proteger a planta”, explicou.
As dificuldades para prevenir a ação dos nematoides na lavoura do algodão foram citadas por Júlio Busato. Ele acredita na chegada de uma alternativa para os mesmos. “A gente não tem solução para tudo, infelizmente, foi assim com a helicoverpa, que não conhecíamos, mas reagimos e, com o apoio do Ministério da Agricultura e outros órgãos, conseguimos controlar”, disse. Ele acredita que o plantio direto traz a necessidade de uma reflexão, partindo de dois pontos principais: o econômico e o agronômico. No primeiro, o agricultor tem o retorno econômico mais rápido, mas perde matéria orgânica. No segundo, com a rotação de cultura, ele ganha matéria orgânica e pode ter mais vantagens a longo prazo. Com uma programação com mais de 35 palestras e debates, a Bahia Farm Show será realizada até o próximo sábado (1) em Luís Eduardo Magalhães.
Ascom Bahia Farm Show
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